PEÇONHA OFÍDICA
O veneno das serpentes é secretado por um par de glândulas supralabiais volumosas, situadas simetricamente nos lados da cabeça, logo abaixo e para trás dos olhos, posição que determina maior alargamento e a conseqüente forma triangular da cabeça das espécies peçonhentas.
Há uma perfeita adaptação do canal glandular ao canal dentário das presas inoculadoras das serpentes solenóglifas, de modo que a peçonha é inoculada sob pressão, graças a uma expansão da mucosa e à potente musculatura da região.
A peçonha é um líquido pouco viscoso, transparente, levemente leitoso ou amarelado. É constituído de complexos elementos protéicos (enzimas proteolíticas, neurotóxinas, fosfatidases), que variam nas diferentes espécies. Desse modo, suas ações no homem também são variáveis, mas são basicamente:
Ação proteolítica - decompõe as proteínas, causando destruição dos tecidos (necrose).
Ação coagulante - quando o veneno penetra lentamente e em pequenas doses na circulação sangüínea ocorre a destruição direta do fibrinogênio ou coagulação de fibrinogênio (proteína do sangue), impedindo a coagulação. Entretanto, quando essa penetração é rápida e em doses ainda pequenas, a desfibrinação é precedida por um aumento da coagulabilidade. Nos casos de penetração rápida de grandes doses, ocorre coagulação maciça dentro dos vasos, seguida de morte.
Ação neurotóxica - contém substância tóxica para o sistema nervoso, determinando perturbação da visão, queda das pálpebras superiores (ptose palpebral), torpor, sensação de adormecimento ou formigamento.
Ação hemolítica - destruição dos glóbulos vermelhos. O veneno provoca alterações importantes a nível de rins, podendo causar morte por insuficiência renal aguda. Na prática, essa ação é evidenciada pela eliminação da meta-hemoglobina através da urina, que se apresenta com cor de coca-cola.
SINTOMATOLOGIA
GRUPO BOTRÓPICO E LAQUÉTICO - veneno proteolítico coagulante.
Todas as serpentes do gênero Bothrops e Lachesis produzem sintomas semelhantes, variando apenas a intensidade, de acordo com a quantidade de veneno inoculado.
Há sempre dor, edema e cianose local. Depois aparecem bolhas, que podem conter sangue no seu interior. Quando as reações locais tornam-se mais intensas, aparece febre e freqüentemente infecção secundária. Nos casos graves há vômitos, seguidos de prostração, sudorese e desmaios. Quando há inoculação de grandes quantidades de veneno, como nas picadas de Jararacuçu, pode haver hemorragias pelo nariz, gengiva, borda das unhas e urina. Em situações mais severas, pode ocorrer queda de pressão sangüínea, com possibilidade de colapso periférico e risco de vida para o acidentado.
GRUPO CROTÁLICO - veneno neurotóxico e hemolítico.
Geralmente não provocam dor local. Após 30 a 60 minutos do acidente, aparecem as dores musculares, particularmente na região da nuca, distúrbios da visão, ptose palpebral (Fascies neurotóxicas). Nesses casos, o acidentado sente tonturas, imagem turva e dupla. Pode haver hemoglobinúria (meta0hemoglobina na urina) que se apresenta em urina cor de coca-cola. Pode haver vômitos. Nos acidentes mais graves, há comprometimento renal, com risco de vida por insuficiência renal aguda.
GRUPO ELAPÍDICO - veneno neurotóxico.
Geralmente não há dor local. Logo após a picada há formigamento da região, com irradiação para a raiz do membro afetado. Após 30 a 60 minutos do acidente, aparecem as dores musculares, particularmente na região da nuca, distúrbios da visão, ptose palpebral (Fascies neurotóxicas). Nesses casos, o acidentado sente tonturas, imagem turva e dupla. Esse quadro pode ser acompanhado de salivação grossa, dificuldade de engolir e de falar. Nos casos mais severos, há risco de vida por paralisia respiratória.
Todos os acidentes por coral verdadeira são considerados graves.
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