Dia do Veterinário

Dia do Veterinário
09 de Setembro

28 de out. de 2010

SIPHONAPTERAS

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE VETERINÁRIA
DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA ANIMAL
IV- 403 ZOOLOGIA APLICADA

Ordem Siphonaptera: as pulgas

            Os sifonápteros, conhecidos vulgarmente como pulgas, são insetos que pertencem a Ordem Siphonaptera (Siphon=sifão, a=ausência, pteros=asas). São holometábolos, ectoparasitos de carnívoros, roedores, marsupiais, aves, quirópteros e do homem. No Brasil, já foram descritas cerca de 60 espécies, estas incluídas em oito diferentes famílias. Têm importância como agentes infestantes, vetores de patógenos ou hospedeiros intermediários de endoparasitos.


1. Morfologia geral

            Apresentam coloração castanha; medem aproximadamente 2,5 a 3,0 mm, sendo que as fêmeas são maiores que os machos. São insetos ápteros, com o corpo achatado lateralmente e peças bucais do tipo picador-sugador. O corpo, coberto de cerdas voltadas para trás, e dividido em cabeça, tórax (pronoto, mesonoto e metanoto) e abdome (tergitos e esternitos).
Cabeça: Fronte ou clípeo (parte anterior da cabeça); esta pode estar pela sutura antenal do occiput ou occipício (parte posterior da cabeça); Falx (vestígio da sutura antenal presente em várias espécies); O aparelho bucal é constituído por um par de palpos labiais (2 a 17 artículos), um par de palpos maxilares (4 artículos), um par de lacínias (simples ou serrilhadas), um par de maxilas e o labro-epifarnige. Gena (parte inferior da cabeça) pode ou não estar provida de ctenídeos. Possuem um par de antenas; a antena é composta por três segmentos: 1º segmento, 2º segmento e clava. Olhos presentes ou ausentes (às vezes mancha ocular).
Tórax: Por serem achatadas lateralmente apresentam as pleuras bem desenvolvidas. Proesterno. Mesoesterno. Metaesterno. Ctenídeos presentes ou ausentes no pronoto. Mesopleura simples ou dividida (sutura mesopleural) em mesepisterno e mesepímero. Metapleura dividida em metepisterno e metepímero. Possuem um par de patas especializado para o salto (proteína resilina).
Abdome: 10 segmentos abdominais; esternito I e tergito I cobertos pelo metepímero; último segmento abdominal modificado. Os machos possuem uma estrutura denominada aedeagus, que corresponde ao pênis, e as fêmeas possume a espermateca.


Figura 1. Morfologia geral das pulgas.

2. Biologia

            Seu ciclo de vida leva de 25 a 30 dias, passando pelas fases de ovo, 3 ínstares larvares (2 ínstares larvares para Tunga, cujo ciclo leva de 17 a 25 dias), pré-pupa, pupa e adultos. Os ovos são esbranquiçados, ovóides ou elipsoidais, medindo em média 500 µm. As larvas são eucéfalas, esbranquiçadas e ápodas; possuem aparelho bucal do tipo mastigador, têm geotropismo positivo e fototropismo negativo. Os adultos são hematófagos obrigatórios e as larvas são mastigadoras; estas se alimentam de fezes de pulgas adultas e resíduos de matéria orgânica. Iniciado o hematofagismo, em 48 horas, as fêmeas aumentam 140% e os machos 19%. A cópula é realizada com a fêmea cavalgando o macho; esta é direcionada pelo sensilium. O acasalamento pode durar de oito a 32 horas.
            Em relação a proporção macho e fêmea, há uma variação entre as espécies. Para a pulga do gato, Ctenocephalides felis, a proporção é de um macho para quatro fêmeas (1:4), para Xenopsylla  e Pulex é  de uma macho para uma fêmea (1:1).
            Em laboratório, o ciclo de Ctenocephalides felis felis (ovo a adulto) leva em torno de 15 dias, com temperatura e umidade relativa controladas.
            A longevidade é variável por espécies e condições climáticas.

Figura 2. Ciclo de Ctenocephalides felis.


3. Famílias

            No Brasil, já foram assinaladas espécies de oito famílias diferentes: Pulicidae, Leptopsyllidae, Ceratophyllidae, Ischnopsyllidae, Stephanocircidae, Ctenophtalmidae, Tungidae e Rhopalopsyllidae.

3.1. Pulicidae

Características: Presença de cerdas espiniformes, sensilium com 14 tricobótrias de cada lado, cerda antepigidial (ou ante-sensiliais) e fêmeas com estilete anal.

Inclui quatro subfamílias: Pulicinae, Xenopsyllinae, Archaeopsyllinae e Spylopsyllinae.

Pulicinae: ctenídeos ausentes e sem sutura mesopleural
            Pulex irritans- parasito de roedores, cães e do homem
Xenopsyllinae: ctenídeos ausentes e com sutura mesopleural
            Xenopsylla brasiliensis­ – parasito de roedores e do homem
            X. cheopis– parasito de roedores e do homem
Archaeopsyllinae: ctenídeos genal e pronotal presentes
                        Ctenocephalides felis – parasito de cães e gatos, podendo parasitar também roedores, marsupiais, veados, ouriços, eqüídeos, ruminantes, entre outros.
                        C.canis – parasito de cães

3.2. Tungidae

Características: Ausência de ctenídeos, olho reduzido ou ausente, peças bucais desenvolvidas, tórax comprimido (fusionado), coxa posterior sem cerdas espiniformes, fratura da mexocoxa completa, sensilium com 8 tricobótrias de cada lado, cerdas ante-sensiliais ausentes e fêmeas sem estilete anal.
Inclui duas subfamílias: Tunginae e Hectopsylline.

Hectopsyllinae: as fêmeas são semi-penetrantes; os espiráculos dos segmentos abdominais II-VII são do mesmo tamanho
            Hectopsylla psittaci­
Tunginae: as fêmeas são penetrantes; os espiraculos abdominais II-IV são diminutos ou rudimentares e do V-VIII são bem desenvolvidos.
            Tunga penetrans – olho pigmentado, tórax comprimido; vulgarmente conhecida como bicho-de-pé. Parasito de cães, suínos e do homem, também já foi descrito parasitando cavalos na Região do Pantanal; situam-se nos pés, mãos e cotovelos no homem, e nos animais as patas principalmente.


3.3. Rhopalopsyllidae

            Características: Possuem 2 fileiras de cerdas no tórax e no abdome, e 3 fileiras de cerdas na região posterior da cabeça (occiput); tarsos trapezoidais e cilíndricos; presença de furca metesternal; mancha escamiforme; tíbia com 6, 7 ou mais entalhes
            Inclui duas subfamílias: Parapsyllinae (ainda não existem relatos no Brasil) e Rhopalopsyllinae.
            Rhopalopsyllinae: clava da antena assimétrica, ausência de cerdas espiniformes na face interna da coxa posterior, genitália dos machos característica
Polygenis – parasito de roedores, marsupiais e edentatos
                       
4. Importância

As pulgas como agentes infestantes tem ação irritativa, devido ao prurido provocado, tem ação expoliadora devido ao hematofagismo, e ação inflamatória, relacionada à tungíase.
Com relação à tungíase, somente a fêmea de Tunga é penetrante; após penetrar à medida que se alimenta, o volume do seu corpo aumenta, gerando uma estrutura morfologicamente hipertrofiada ao redor do seu corpo, denominada nesoma. Pode provocar dificuldades de locomoção e postura dos hospedeiros, necrose óssea e tendinosa, e até perda dos dedos do pé, seguida ou não por infecções bacterianas por Clostridium tetani (tétano), C. perfringens (gangrena gasosa) e Paracoccodioses brasiliensis (blastomicose).
Do ponto de vista epidemiológico, o gênero Xenopsylla é o mais importante; é vetora do bacilo da peste Yersinia pestis. Hoje, devido ao crescimento das áreas urbanas em direção a área de mata, deve-se dar atenção aos ropalopsilíneos, parasitos de roedores e mantenedores da peste silvestre. A pulga Xenopsylla também está relacionada com a transmissão do tifo murino (Rickettsia typhi).
            A pulga do gato, Ctenocephalides felis felis, é hospedeiro intermediário do cestóide parasito de cães e gatos Dipylidium canimum, do filarídeo parasito de cães Dipetalonema reconditum, vetora da rickettsiose felina (Rickettsia felis) e da doença da arranhadura do gato (Bartonella henseale); mais recentemente foi descrito seu envolvimento na transmissão do vírus da leucemia felina. Também está relacionada a dermatite alérgica a picada de pulga (DAPP) em cães e gatos, provocada pela ação da saliva, que contém substâncias alergênicas.
            A pulga P. irritans é hospedeira intermediária dos cestóides Hymenolepis diminuta e H. nana.

5. Bibliografia consultada

Carrera, M. Insetos de interesse médico e veterinário. Editora UFPR/ CNPq, Curitiba, 228 p., 1991.
Costa Lima, A. Capítulo XXV - Suctoria, p. 17-71. In: Insetos do Brasil – 4º tomo. Escola Nacional de Agronomia, série didática nº 5, 141 p., 1943.
Guimarães, J. H.; Tucci, E.C., Barros, D.M. Ectoparasitos de importância veterinária, Editora Plêidade/Fapesp218 p., 2001.
Linardi, P. M.; Guimarães, L.R. Sifonápteros do Brasil. Editora MZUSP/FAPESP, São Paulo, 291 p., 2000.
MARCONDES , C. B. Entomologia médica e veterinária. Editora Atheneu, São Paulo, 432 p., 2001.
SERRA-FREIRE, N. M.; MELLO, R. P. Entomologia e Acarologia na Medicina Veterinária. Editora L.F. Livros de Veterinária, Rio de Janeiro, 199 p., 2006.

PHTHIRAPTERA

Ordem Phthiraptera : os piolhos

1. Introdução

Os piolhos são insetos ápteros, ectoparasitos permanentes e altamente especializados. Podem ser mastigadores ou sugadores. Têm distribuição mundial. Já foram descritas aproximadamente 3500 espécies, sendo que destas 30 têm importância econômica. Os piolhos mastigadores parasitam aves e mamíferos, enquanto os hematófagos parasitam exclusivamente mamíferos.

2. Classificação

Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Phthiraptera
            Subordem Amblycera
                        Família Menoponidae
                        Família Boopidae
            Subordem Ischnocera
                        Família Philopteridae
Família Trichodectidae
            Subordem Anoplura
                        Família Haematopinidae
                        Família Linognathidae
                        Família Pediculidae
                        Família Pthiridae
            Subordem Rhyncophthirina (não é de interesse)



Figura 1. Representação esquemática das quatro subordens pertencentes à Ordem Phthiraptera.

3. Morfologia

Morfologia geral: pequenos; ápteros; corpo achatado dorso-ventralmente; pernas robustas e garras; tórax com três segmentos; abdome com sete a nove segmentos; coloração variando de amarelo esbranquiçado a castanho; o aparelho bucal pode ser dois tipos: mastigador e sugador.

Subordem Amblycera – palpos maxilares presentes; aparelho bucal mastigador

Família Menoponidae – tarso com duas garras; antenas clavadas; protórax e mesotórax separados; cabeça largamente triangular e fortemente alargada nas têmporas; parasitos de aves.
            Menopon gallinae – fronte desprovida de processos espinhosos; presença de tufos de cerdas no 3º segmento adbominal na face ventral; antenas com quatro segmentos, palpos pequenos; piolho da haste; parasita galinhas adultas, localizando-se nas penas das asas e ao redor do ânus.

Figura 2. Menopon gallinae
                                  
Menacanthus stramineus – dois processos espinhosos na região anterior da cabeça; segmentos abdominais com duas fileiras de cerdas no dorso; piolho amarelo do corpo das galinhas; também pode parasitar perus.
Figura 3. Menacanthus stramineus
                       
Família Boopidae – todos os tarsos apresentam duas garras; antenas captadas; presença de dois processos espinhosos recurvados para trás, inseridos junto a base dos palpos maxilares.
            Heterodoxus spiniger  -  parasito de cães

Figura 4. Heterodoxus sp.

           
Subordem Ischnocera – palpos maxilares ausentes; aparelho bucal mastigador

Família Philopteridae – antena com cinco segmentos; tarso com duas garras; parasitos de aves.
            Lipeurus caponis – corpo alongado, estreito, antenas dimórficas sexualmente nos machos (robustas) e nas fêmeas (filiforme), piolho da asa das galinhas.
Figura 5. Lipeurus caponis

            Goniodes dissimilis­ – tem a cabeça mais larga do que longa, deforma semicircular na região anterior; antenas com dimorfismo sexual, sendo mais robusta nos machos; cada têmpora apresenta duas longas cerdas; parasito de galinhas.
G. gigas­ – abdome largo e arredondado; têmporas com três longas cerdas; piolho gigante das galinhas.
G. piageti – cabeça alarga-se para trás e termina em ângulo agudo, de cada lado; antenas com dimorfismo sexual, mais desenvolvidas nas fêmeas; parasito de pombos.
Figura 6. Goniodes sp.
Goniocotes gallinae – coloração amarelo-palha; cabeça quase circular, apresentando duas longas cerdas na margem posterior; margens laterais do potórax estendidas; antenas com cinco segmentos; piolho da pena, é o menor piolho que parasita galinhas e pombos.


Figura 7. Goniocotes gallinae

Columbicola columbae – cabeça mais longa do que larga, com duas cerdas espatuladas em sua extremidade anterior; corpo fusiforme; clípeo armado com dois pares de espinhos; parasito de pombo.

Figura 8. Columbicola columbae

Struthiolipeurus rheae – parasito de avestruz

Família Trichodectidae – antena com três segmentos; tarso com uma garra; parasitos de mamíferos
            Trichodectes canis – cabeça mais larga do que longa, tem seis pares de espiráculos abdominais; antena com dimorfismo sexual; parasito de cães, cabeça e pescoço preferencialmente.


Figura 9. Trichodectes canis
            Felicola subrostratus – maxilas bem desenvolvidas, região pré-antenal apresenta forma triangular, cabeça pentagonal, três pares de espiráculos abdominais; parasito de gatos.


Figura 10. Felicola subrostratus

            Damalinia bovis – cabeça aproximadamente quadrangular, estreitando-se anteriormente e com numerosas cerdas na superfície dorsal; parasito de bovinos, localizando-se preferencialmente na região lombar e na base da cauda.


Figura 11. Damalinia bovis

            D. ovis­ – parasito de ovinos, na região lombar preferencialmente.
            D. equi  - parasito de eqüinos, por todo o corpo.
            D. caprae – parasito de caprinos.
           
Subordem Anoplura – aparelho bucal picador-sugador; cabeça mais estreita que o protórax

Família Haematopinidae – maiores espécies de piolhos, presneça de pontos oculares na cabeça, placa esternal bem desenvolvida, placas paratergais esclerosadas em todos os segmentos, pernas de tamanho igual (1=2=3).
            Haematopinus suis – parasito de suínos; localizam-se nas dobras de pescoço, lados da cabeça, na base das orelhas e entre as pernas.
            H. eurystrenus – parasito de bovinos; situam-se no pescoço, cabeça, dobras de pele e base dos chifres.
            H. tuberculatus – parasito de búfalos
            H. asini – parasito de eqüídeos; situam-se na base da crina e da cauda, flancos e porção inferior da mandíbula.
            H. quadripertusus– parasito de bovinos; situam-se nos pêlos da cauda (ninfas na cabeça e pescoço).
Figura 12. Haematopinus sp.

Família Linognathidae -  ausência de olhos e placas paratergais, pernas anteriores e garras tarsais são menores que as outras duas (1<2=3), que são subiguais em comprimento e largura.
            Linognathus setosus – placa esternal ausente ou fracamente desenvolvida, região pré-antenal bem desenvolvida; parasito de cães.
            L. africanus – parasito de ovinos e caprinos; situam-se no flanco.
            L. pedalis – parasito de ovinos; situam-se nas pernas e pés.
            L. vituli – parasito de bovinos; situam-se no pescoço, barbelas, espádua e períneo.
            L. stenopsis – parasito de ruminantes, caprinos principalmente.
Figura 13. Linognathus sp.


Família Pediculidae – corpo aproximadamente duas a três vezes mais longo que largo; olhos presentes; placas paratergais evidentes, cada qual apresentando lateralmente um par de espiráculos; todas as pernas de igual comprimento e largura.
            Pediculus humanus – parasito do homem; piolho do corpo.
P. capitis   parasito do homem; piolho da cabeça.
Figura 14. Pediculus sp.
           
Família Pthiridae – corpo uma vês e meia mais longo do que largo, olhos presentes e placas paratergais exteriorizadas, terminando por longas cerdas ( quatro placas nas fêmeas e 2 nos machos).
            Pthirus pubis – parasito do homem; situa-se na região pubiana; vulgarmente conhecido como chato.

Figura 15. Pthirus pubis

4. Biologia

São ectoparasitos permanentes. O ciclo completo de ovo a adulto é de 20 a 25 dias., passando por três instares ninfas (Figura 16) . A infestação ocorre por contato direto entre os hospedeiros. Parasitam aves e mamíferos. O comportamento alimentar varia conforme a espécie, incluindo descamações de tecido epitelial, partes de penas, secreções sebáceas e sangue. Têm maior atividade a noite.  A postura varia de 50 a 100 ovos. A longevidade é de duas a quatro semanas.

Ovo (lêndea) →     Ninfa 1         Ninfa 2       Ninfa 3      Adulto (macho e fêmea)
 
 









Figura 16. Ciclo biológico do piolho (ciclo hemimetábolo)

5. Importância

   Piolhos hematófagos:
            - prurido
            - espoliação sanguínea
            - quadros de anemia
            - escarificação com infecção secundária
            - redução da produção
   Piolhos mastigadores
            - prurido
            - ação irritativa
            - escarificações com infecções bacterianas secundárias
- redução da produção
   Transmissão de patógenos
            - Trichodectes canis: hospederio intermediário do cestóide Dipylidium caninum
            - Heterodoxus spiniger: hospederios intermediário do cestóide Dipylidium caninum e do nematóide Dipetalonema reconditum.
            - Pediculus: rickettsioses e borrelioses
                        Rickettsia quintana (febre das trincheiras)
                        R. prowazeki (tifo exantemático)
                        Borrelia recurrentis (febre recorrente)

6. Profilaxia

- Higienização das instalações, pessoal (no caso de pediculose e pthiriase) e dos animais
- Escovação dos pêlos de cães e cavalos
- Tosquia freqüente de ovinos
- Evitar aglomeração em ambientes confinados
- Manter o animal infestado separado dos demais
- Uso de inseticidas


7. Bibliografia consultada

Carrera, M. Insetos de interesse médico e veterinário. Editora UFPR/ CNPq, Curitiba, 228 p., 1991.
Guimarães, J. H.; Tucci, E.C., Barros, D.M. Ectoparasitos de importância veterinária, Editora Plêidade/Fapesp218 p., 2001.
MARCONDES , C. B. Entomologia médica e veterinária. Editora Atheneu, São Paulo, 432 p., 2001.
SERRA-FREIRE, N. M.; MELLO, R. P. Entomologia e Acarologia na Medicina Veterinária. Editora L.F. Livros de Veterinária, Rio de Janeiro, 199 p., 2006.
Soulsby, E. J. L. Parasitología y enfermedades parasitarias en los animales domésticos. Editora Interamericana, 823 p., 1982.

HEMIPTERA

(hemi = do grego metade; pteron = do grego asa)


SUBFILO MANDIBULATA
CLASSE INSECTA
ORDEM HEMIPTERA
SUPERFAMÍLIA REDUVIOIDEA



CLASSE INSECTA
            Corpo dividido em cabeça, tórax e abdomen, Possuem 3 pares de pernas (antiga ordem Hexapoda). Apresentam simetria bilateral. Antenas são divididas em escalpo (parte articulada na cabeça), pedicelo e flagelo (1 a 10 segmento chamados de flagerômeros). Olhos compostos são formados por centenas de omátídeos, cada omatídeo é uma célula de visão, todas as células unidas dão origem a uma única imagem, garantindo uma visão bastante ampla para o inseto.
            Ocelos presentes ou ausentes, sendo auxiliares na visão, situados na parte dorsal da cabeça.

ORDEM HEMIPTERA
            Espécies conhecidas – 50 mil
            Nomes populares: Barbeiros, percevejos, Maria-fedida, fede-fede, barata d’água.
            Tamanho variando de 1 mm a 20 cm (Barata-d’água).
            O corpo é grande e achatado
            A cabeça é livre, prognata, de tamanho variável, sendo curta nas espécies fitófagas e longa nas espécies hematófagas.
            Podem se alimentar de substratos variáveis, podem ser hematófagos, fitófagos ou entomófagos.
            Os fitófagos apresentam o rostro longo, reto  e com 4 segmentos e no caso de entomófagos ou predadores, o rostro é curto, em forma de arco e com 3 segmentos. O rostro dos hematófagos é reto, fino e com 3 segmentos.
            Os olhos são compostos, bem grandes, proeminentes e dvidem a  cabeça em região pós ocular e ante ocular. Ocelos presentes na maioria dos hemípteros, presente em Triatominae e ausente em Cimicidae.
            Possuem dois  pares de asas, um mesotorácico chamado de Hemiélitro e outro metatorácico. O hemiélitro é dividido em uma parte anterior coreácea, chamada de cório e formada pelo clavo e pelo embólio e outra mole e membranosa posterior chamada de membranosa.
            As asas metatorácicas, quando presentes são membranosas.
            O tórax apresenta o protórax be desenvolvido. Após o protórax continua-se o Escutelo, que é triangular e se localiza entre as asas mesotorácicas.
            O abdômen apresenta de 9 a 11 segmentos chamados de urômeros. Os últimos segmentos são modificados para formar a genitália. A parte não coberta pela asa é plana e é chamada de conexivo.   
            Possuem 3 pares de perna. Cada perna apresenta quatro segmentos, coxa, fêmur, tíbia e tarso. O tarso tem 3 segmentos que terminam em garras nas extremidades.
            Os Hemiptera são hemimetabólicos, ou sejam não apresentam memorfose completa. As fases jovens são bastante semelhantes aos adultos. O desenvolvimento passa pelos estágios de ovo, cinco fases de ninfa  e adultos machos e fêmeas.

            A ordem Hemiptera apresenta dois grupamentos de importância veterinária e agrícola, que são separados de acordo com o tipo de asa mesotorácia e pelo tamanho do protórax em Heteroptera e Homóptera.
            O grupo dos Heteropteros, apresentam asas mesotorácicas em forma de hemiélitro e pronoto bem desenvolvido e meso e metanotos pequenos. Os hábitos alimentares podem variar entre fitofagismo e hemofagismo ou hemolinfofagismo.  Todos os homópteras são fitófagos e podem ser diferenciados por apresentarem as asas totalmente esclerotizadas,  pronoto e metanoto pequenos e mesonoto bem desenvolvido.
            Os hemípteras de interesse veterinário são do grupo Heteropteros e são hematófagos.



SUBORDEM CRYPTOCERATA – aquáticos (“baratinhas d’água”)

SUBORDEM GIMNOCERATA – hemípteros terrestres.
            Há muitas famílias nessa subordem. As principais características para diferenciação daqueles que são hematófagos, fitófagos e predadores está no formato e segmentação do aparelho bucal.

            PREDADORES OU ENTOMÓFAGOS
            A probóscida é curta, com 3 segmentos e a tromba apresenta-se curva. As pernas anteriores são mais fortes. O pescoço é facilmente visualizado.

            HEMATÓFAGOS
            A probóscida é curta, com 3 segmentos e a tromba é reta. As pernas são iguais. A cabeça é alongada e estreita. O pescoço pode ser facilmente visualizado. Os hemípteros hematófagos provavelmente evoluíram de um ancestral entomófago predador.

            FITÓFAGOS
            A probóscida é longa, com 4 segmetnos. A tromba é retilínea. As pernas são iguais. O pescoço não é visível quando olhado de cima.


FAMÍLIA REDUVIIDAE –
SUBFAMÍLIA TRIATOMINAE
            Subfamília com mais de 100 espécies, vetores ou potenciais vetores da doença de Chagas.
            Inseto hematófago obrigatório, temporário e intermitente.
            São conhecidos vulgarmente como “ barbeiros, fincão, chupança”. Os membros dessa subfamília se alimentam exclusivamente de sangue de vertebrados.
            Há vários gêneros, Alberprosenia, Cavernícola, Eratyrus, Microtriatoma, Parabelmirus, Psammolestes, Paratriatoma, mas os três mais importantes e conhecidos são os gêneros Triatoma, Panstrongylus e Rhodnius.
            O tamanho dos triatomineos pode variar muito, de 1,6 a 44 mm, mas a grande maioria mede aproximadamente 2,5 mm.
            A coloração dos barbeiros é importante na caracterização das espécies, pode variar do negro ao palha, com manchas e desenhos de cores branco, castanho, palha, vermelho e laranja.


 CICLO BIOLÓGICO
            O ciclo dos triatomineos envolve, necessariamente, repasto sanguineo nas cinco fases ninfais e para promover a reprodução dos adultos. A fonte de alimentação é procurada através de sensores de calor localizados nas antenas, que podem captar o CO­2 da respiração. Podem picar qualquer local do corpo que esteja descoberto, mas como algumas espécies são atraídas pela respiração tendem a picar o rosto.
            A maioria dos triatomineos são de hábitos alimentares noturnos, de dia permanecem escondidos, de preferência próximos ao ambiente freqüentado pelos hospedeiros e saem à noite para o repasto sanguineo. Algumas espécies podem procurar alimentação ainda de dia.             Os triatomineos, quando iniciam a sucção do sangue injetam continuamente a saliva anti-coagulante, anti-serotonina, anti-histamina e um vaso-dilatador (óxido nítrico), entre outras substâncias.  A alimentação costuma demorar, chegam a sugar até 10 vezes o próprio peso e depois ficam impossibilitados de voar. Quando ficam repletos o estômago tende a comprimir o intestino e o barbeiro defeca e urina. A defecação pode ocorrer ainda durante a alimentação, na sua fase final, ou logo em seguida. O momento da defecação, proximidade do local de alimentação são de muito valor na transmissão de Trypanosoma cruzi.
            Normalmente um ou dois repastos são suficientes para a mudas das fases de ninfa. Após a alimentação, a distenção do abdômen inicia a liberação da ecdisona, um hormônio que induz a ecdise e há inicio nas transformações celulares e formação da nova cutícula.
            Os hemípteras são insetos hemimetabólicos, as fases imaturas são semelhantes aos adultos. Não há fases de pupa. As fêmeas são ovíparas e após a cópula e alimentação colocam algumas centenas de ovos, que podem ser deixados no ambiente ou aderidos à substratos, como folhas, dependendo da espécie. A freqüência e produtividade da ovogênese é cíclica e está associada ao repasto e ao volume de sangue ingerido.  Após 2 a 4 semanas eclode a ninfa de primeiro instar, que após endurecer a cutícula procura alimentar-se, o que se repete durante os cinco estágios de ninfa até a transformação em adultos. As formas imaturas não são aladas, têm o aparelho reprodutivo incompleto e são menores. Nas ninfas III, IV e V pode-se obsrevar vestígios de asas que vão aumentando de tamanho até chegar a fase adulta, quando as asas são completas.
            O ciclo completo pode ser longo, dependendo da disponibilidade de alimento e da temperatura ambiente. Em alguns hemípteras hematófagos, o período de desenvolvimento de ovo até adulto demoram até 350 dias. O perído que compreende todo o desenvolvimento das cinco fases de ninfa demoram cerca de 180 dias.

HÁBITOS
            A maioria dos hemípteros é terrestres, mas algumas espécies são aquáticos ou semi-aquáticos. As espécies aquáticas são conhecidas como Baratinha d’água e são predadores, algumas espécies capturam e sugam pequenos peixes ou rãs.
            Os hemípteros terrestres sugam seiva de plantas e são chamados de fitófagos, alguns sugam a hemolinfa de insetos e são chamados de entomófagos ou predadores  e alguns, Cimicidae e Triatominae se alimentam de sangue de aves e mamíferos, inclusive do homem.
            Os triatomíneos tem hábitos alimentares noturnos, de dia permanecem em seus esconderijos e a noite procuram os hospedeiros. Os esconderijos podem ser variados, no domicilio podem se esconder atrás de móveis, quadros, nas ripas do telhado, em frestas das paredes, preferem colonizar casas de barro ou taipa, pelas suas paredes irregulares. No peridomicílio preferem galinheiros e canis. Na floresta, se agrupam em tocas, nas copas das árvores, em palmeiras ou em cavernas.
            De acordo com a espécie, os barbeiros podem ser antropofílicos, quando o hospedeiro preferido é o homem, ou zoofílico, quando os animais são escolhidos. Alguns mostram antropozoofilia. A antropofilia é essencial na transmissão da doença de Chagas.
            A maioria dos triatomíneos apresentam hábitos silvestres, em geral associados a abrigos de animais. Alguns são estritamente domiciliares, vivem associados aos humanos. Alguns são peri-domiciliares, habitam o abrigo de animais domésticos e eventalmente invadem as casas.



EPIDEMIOLOGIA
            Todos os triatomíneos são suscetíveis à infecção pelo T. cruzi,em qualquer de seus estágios de vida, mas na natureza poucos insetos se apresentam positivos em face a pequena possibilidade de sugar sangue contaminado. O maior índice de contaminação de barbeiros ocorre naquelas regiões onde há indivíduos contaminados e a infecção pode se propagar.
            A maioria das espécies de barbeiros se alimenta em aves, animais refratátarios para o T. cruzi, assim como os anfíbios e répteis. A infecção é permanente, uma vez adquirido o inseto não se livra do protozoário.      O protozoário é ingerido juntamente com o sangue na alimentação e se diferencia e reproduz no tubo digestivo, tornando-se infectante para um novo hospedeiro quando é liberado nas fezes ou quando o triatomíneo é ingerido.
            Usualmente o T. cruzi é inoculado pelo próprio hospedeiro, na ferida de alimentação, pela ação irritativa da saliva que provoca prurido após o termino do repasto.
            Epidemiologicamente a colonização de áreas livres é o fenômeno chave, pois a grande maioria dos triatomíneos vive distante e não causa nenhum mal. Os barbeiros são insetos de pouca plasticidade e apresentam lentidão e dificuldade em adaptar-se  a diferentes ambientes. Os triatomíneos invadem as casas e peridomicílio vindo direta e ativamente das matas próximas ou carreados passivamente pelo homem, através de lenha ou folhas. Quando uma casa atinge sua carga vetorial máxima, os insetos procuram alimento disponível na casa vizinha e assim se espalham.
            Os triatomíneos podem ser transportados passivamente para diferentes regiões através de móveis em mudanças. Também se dispersam passivamente através de ovos e ninfas aderidos em penas de aves ou pelos de animais domesticos ou silvestres. Os animais sinatrópicos são mais importantes no transporte de triatomíneos que infectam o homem com o T. cruzi.
            Desmatamento, queimadas, depredação e uso de pesticidas ou pela construção de estradas e casas de péssima qualidade (capazes de abrigar o barbeiro) ou pela perpetuação da pobreza e ignorância e falta de higiene, facilitam e favorecem a dispersão do inseto e da doença de Chagas.
            Alguns animais são refratários e  podem atuar como reservatório do T. cruzi, pois servem de alimento aos triatomineos, como alguns animais silvestres marsupiais, roedores, morcegos, tatus, tamanduás, preguiças, carnívoros e macacos. Cães e gatos são os principais reservatórios. Ratos e morcegos, por sua grande mobilidade e pelo fato de invadirem a habitação humana e ambientes silvestres podem transportar os triatomíneos.



IMPORTÂNCIA MÉDICA E MEDICO VETERINÁRIA
            Os barbeiros podem perturbar o sono, causar irritação da pele e até anemia em ciranças já desnutridas. As picadas causam dor e reação alérgica.
            Os triatomíneos podem hospedar o Trypanosoma cruzi, protozoário que já foi encontrado em mamíferos de quase 200 espécies. Como é comum os triatomíneos eliminarem fezes e urina durante e logo após o hematofagismo, podem depositar as formas infectantes tripomastigotas metaciclicas do T. cruzi, localizadas no seu intestino posterior, sobre a pele e mucosas do hospedeiro. O parasito pode penetrar em pequenas lesões da pele, como a da picada do inseto, ou na mucosa ilesa. O protozoário pode causar problemas sérios como insuficiência cardíaca.


MORFOLOGIA
            Cabeça bastante móvel, alongada e estreita. Região pós-ocular mais curta que a ante-ocular. Olhos compostos laterais e conspícuos. Ocelos presentes na região pós-ocular.  Probóscida com 3 segmentos e tromba reta em ângulo agudo sobre a cabeça. O conjunto do aparelho bucal é voltado para trás. É constituído pelo labro (3 segmentos), hipofareinge e epifaringe. Antenas com 4 segmentos, implantada num pequeno tubérculo na frente dos olhos. O primeiro segmento é sempre menor, os terceiro e quarto segmentos são filiformes e apresentam filamentos sensoriais. No tórax, o pronoto é bem desenvolvido e trapezoidal. O escutelo, estrutura que se segue ao tórax é triangular e pode existir desenhos variáveis de acordo com a espécie. As pernas são longas e delgadas, com quatro segmentos, sendo o ultimo, o tarso, trisegmentado e terminando em garras. Nos machos do gênero Rhodnius também encontramos uma ventosa, que o possibilita subir pelas paredes facilmente. Há dois pares de asas nos adultos, exceto no gênero Meprai, que são ápteros. Um par é mesotorácico, do tipo hemiélitro e o outro é metatorácico, membranoso. As ninfas não são aladas. Os adultos quando repletos de sangue, após a alimentação, não conseguem voar. O abdômen tem 11 segmentos ou urômeros, sendo o primeiro muito reduzido e os últimos modificados para formar a genitália, deixando-os com aparência de apenas seis segmetos. As bordas laterais dos urômeros formam o conexivo. A extremidade posterior das fêmeas terminam num ovipositor e os machos com borda posterior do corpo arredondada;


GÊNERO Panstrongylus
tamanho grande
cabeça curta e grossa
tubérculo antenal bem próximo ao olho

GÊNERO Triatoma
conexivo ( parte dorsal onde a asa não cobre) amarelado
tubérculo da antena entre o olho e a extremidade da cabeça.

GÊNERO Rhodnius
tubérculo antenal bem perto do ápice
PRINCIPAIS ESPÉCIES

Triatoma infestans
            É a principal espécie vetora de Trypanosoma cruzi. É bastante importante no contágio da doença pois é extremamente domiciliada. A distribuição independe do macroclima externo, ocorre numa larga faixa de valência ecológica. Pode ser raramente encontrado em tocas sugando roedores, mas sempre próximos ao domicilio. Espécie antropofílica, prefere sugar sangue humano Hábitos noturno, de dia se refugia dentro ou próximo da casa do hospedeiro. Tem preferência por habitar casas de barro.

Panstrongylus megistrus
            É a espécie vetora de T. cruzi de maior importância no Brasil. Está amplamente distribuída no Brasil. É altamente suscetível ao T. cruzi. Provoca grandes focos de Doença de Chagas nos estados de Minas Gerais e Bahia.  A localização preferencial varia de acordo com a região do país, é domiciliado no leste brasileiro, silvestre no sul e peridomiciliar no restante. Parece que, inicialmente, habitaria matas, mas pode ter sofrido mutação espontânea e se adaptado ao domicilio.

Rhodnius prolixus
            É uma espécie de acentuada antropofilia. Apresenta ciclo de vida e reprodutivo bastante rápido e elevada densidade nos locais por ele habitados. É altamente suscetível ao T. cruzi, com índices de até 80%, e defeca logo após alimentar-se. É transmissor de T. cruzi e T. rangeli. Tem hábitos sinantrópicos, ou seja, acompanha o homem.

T. brasiliensis
            Espécie dominante nas zonas secas do nordeste brasileiro. Está espécie é a testemunha da adaptação de hemípteros hematófagos silvestres à habitação humana e ainda pode ser encontrada no domicilio, peridomicilio e nas matas.

T. rubrofasciata
            É a única espécie cosmopolita, tem origem asiática. Não é boa vetora de T. cruzi mas é vetora natural de T. comorhini de ratos. É domiciliar e suga preferencialmente ratos.

T. sórdida
            Espécie de papel secundário na transmissão de T. cruzi. Tem preferência por sangue de aves, habita o peridomicilio, principalmente galinheiros.



Superfamily CIMICOIDEA Latreille, 1802

FAMÍLIA CIMICIDAE Latreille, 1802
           
            percevejos da cama
                        Cimex – percevejo no romano e Coris – no grego

            Os percevejos dessa família são hematófagos obrigatórios. São pequenos, medem no máximo 10 mm. O corpo é achatado e oval. A cabeça é grande e o clipeo pedunculado. O rostro é curto e robusto, com 3 segmentos, projetado para frente. As fêmeas possuem um órgão copulador em forma de fenda chamado de órgão de Ribaga, que se abre entre os terceiro e quarto segmentos abdominais. Os olhos são compostos e salientes. Os ocelos estão ausentes. As antenas são curtas e apresentam 4 segmentos. Os hemiélitros são reduzidos ou rudimentares, sem asas. O protórax é transversal, mais largo do que alto. Escutelo largo em triângulo obtuso.
            Alguns percevejos possuem uma glândula que secreta uma substância química de odor desagradável, quando o inseto se sente em perigo. Por isso, também são chamados de Maria-fedida.
            O desenvolvimento dos cimicideos é hemimetabólico, com ovos, 5 fases de ninfa e adultos machos e fêmeas. Após a copula a fêmea inicia a postura. Os ovos são postos aderidos a substratos como folhas, troncos e outros materiais.
            O hematofagismo dos percevejos-de-cama, deve transcorrer desde o tempo em que o homem vivia em cavernas, no interior das quais se alojavam morcegos e andorinhas.
            Os cimicídeos são insetos domésticos e tem hábitos noturnos, durante o dia vivem escondidos em fendas na parede, atrás dos móveis, no estrado da cama, nas costuras dos colchões.


SUBFAMÍLIA CIMICINAE
            São percevejos hematófagos de animais como morcegos, aves e inclusive podem espoliar o homem. São cosmopolitas.
            O que diferencia as subfamílias de importância médico veterinária é o órgão de Ribaga, que em cimicineos se localiza a direita da linha longitudinal do abdômen. A tromba sugadora também pode ser usada como característica morfológica e nessa subfamília a tromba não chega até a base das coxas medianas atinge as coxas do primeiro par de pernas. O protórax apresenta 1 par de cerdas ?.
               GÊNERO Cimex Cimex Linnaeus, 1758
               São duas as espécies mais importantes, Cimex lectularius Linnaeus, 1758 e C. hemipterus (Fabricius, 1803). C. lectularius pode ser diferenciado pelo aspecto do protórax que é profundamente escavado, encaixando perfeitamente a cabeça. A medida relativa do protórax é de 4 vezes mais largo do que alto. O protórax de C. hemipterus é raso e 2 vezes mais largo do que alto.


SUBFAMÍLIA HAEMATOSIPHONINAE Jordan & Rothschild, 1912
            São percevejos hematófagos de aves. O órgão de Ribaga é encontrado na linha mediana do abdômen. A tromba sugadora é mais longa que em Cimicinae e alcança a base das coxas medianas. São nidicolas.
            GÊNERO Ornithocoris
            Corpo revestido de cerdas curtas. Cabeça em forma de pirâmide. O pronoto é mais largo na base e apresenta 2 pares de cerdas nos ângulos posteriores do protórax. Antenas com o terceiro e quarto artículos mais delgados que os dois primeiros. Tufos de cerdas nos ápices das tíbias I e II. Tíbias I e II mais curtas que as tíbias III.
            As espécies conhecidas são O. toledoi, parasito de galinhas e outras aves, O. pallidus parasito de galinhas e andorinhas e O. furnari, parasito de João-de-Barro. Podem ser encontrados nos ninhos ou galinheiros.