Ordem Phthiraptera : os piolhos
1. Introdução
Os piolhos são insetos ápteros, ectoparasitos permanentes e altamente especializados. Podem ser mastigadores ou sugadores. Têm distribuição mundial. Já foram descritas aproximadamente 3500 espécies, sendo que destas 30 têm importância econômica. Os piolhos mastigadores parasitam aves e mamíferos, enquanto os hematófagos parasitam exclusivamente mamíferos.
2. Classificação
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Phthiraptera
Subordem Amblycera
Família Menoponidae
Família Boopidae
Subordem Ischnocera
Família Philopteridae
Família Trichodectidae
Subordem Anoplura
Família Haematopinidae
Família Linognathidae
Família Pediculidae
Família Pthiridae
Subordem Rhyncophthirina (não é de interesse)
Figura 1. Representação esquemática das quatro subordens pertencentes à Ordem Phthiraptera.
3. Morfologia
Morfologia geral: pequenos; ápteros; corpo achatado dorso-ventralmente; pernas robustas e garras; tórax com três segmentos; abdome com sete a nove segmentos; coloração variando de amarelo esbranquiçado a castanho; o aparelho bucal pode ser dois tipos: mastigador e sugador.
Subordem Amblycera – palpos maxilares presentes; aparelho bucal mastigador
Família Menoponidae – tarso com duas garras; antenas clavadas; protórax e mesotórax separados; cabeça largamente triangular e fortemente alargada nas têmporas; parasitos de aves.
Menopon gallinae – fronte desprovida de processos espinhosos; presença de tufos de cerdas no 3º segmento adbominal na face ventral; antenas com quatro segmentos, palpos pequenos; piolho da haste; parasita galinhas adultas, localizando-se nas penas das asas e ao redor do ânus.
Figura 2. Menopon gallinae
Menacanthus stramineus – dois processos espinhosos na região anterior da cabeça; segmentos abdominais com duas fileiras de cerdas no dorso; piolho amarelo do corpo das galinhas; também pode parasitar perus.
Figura 3. Menacanthus stramineus
Família Boopidae – todos os tarsos apresentam duas garras; antenas captadas; presença de dois processos espinhosos recurvados para trás, inseridos junto a base dos palpos maxilares.
Heterodoxus spiniger - parasito de cães
Figura 4. Heterodoxus sp.
Subordem Ischnocera – palpos maxilares ausentes; aparelho bucal mastigador
Família Philopteridae – antena com cinco segmentos; tarso com duas garras; parasitos de aves.
Lipeurus caponis – corpo alongado, estreito, antenas dimórficas sexualmente nos machos (robustas) e nas fêmeas (filiforme), piolho da asa das galinhas.
Figura 5. Lipeurus caponis
Goniodes dissimilis – tem a cabeça mais larga do que longa, deforma semicircular na região anterior; antenas com dimorfismo sexual, sendo mais robusta nos machos; cada têmpora apresenta duas longas cerdas; parasito de galinhas.
G. gigas – abdome largo e arredondado; têmporas com três longas cerdas; piolho gigante das galinhas.
G. piageti – cabeça alarga-se para trás e termina em ângulo agudo, de cada lado; antenas com dimorfismo sexual, mais desenvolvidas nas fêmeas; parasito de pombos.
Figura 6. Goniodes sp.
Goniocotes gallinae – coloração amarelo-palha; cabeça quase circular, apresentando duas longas cerdas na margem posterior; margens laterais do potórax estendidas; antenas com cinco segmentos; piolho da pena, é o menor piolho que parasita galinhas e pombos.
Figura 7. Goniocotes gallinae
Columbicola columbae – cabeça mais longa do que larga, com duas cerdas espatuladas em sua extremidade anterior; corpo fusiforme; clípeo armado com dois pares de espinhos; parasito de pombo.
Figura 8. Columbicola columbae
Struthiolipeurus rheae – parasito de avestruz
Família Trichodectidae – antena com três segmentos; tarso com uma garra; parasitos de mamíferos
Trichodectes canis – cabeça mais larga do que longa, tem seis pares de espiráculos abdominais; antena com dimorfismo sexual; parasito de cães, cabeça e pescoço preferencialmente.
Figura 9. Trichodectes canis
Felicola subrostratus – maxilas bem desenvolvidas, região pré-antenal apresenta forma triangular, cabeça pentagonal, três pares de espiráculos abdominais; parasito de gatos.
Figura 10. Felicola subrostratus
Damalinia bovis – cabeça aproximadamente quadrangular, estreitando-se anteriormente e com numerosas cerdas na superfície dorsal; parasito de bovinos, localizando-se preferencialmente na região lombar e na base da cauda.
Figura 11. Damalinia bovis
D. ovis – parasito de ovinos, na região lombar preferencialmente.
D. equi - parasito de eqüinos, por todo o corpo.
D. caprae – parasito de caprinos.
Subordem Anoplura – aparelho bucal picador-sugador; cabeça mais estreita que o protórax
Família Haematopinidae – maiores espécies de piolhos, presneça de pontos oculares na cabeça, placa esternal bem desenvolvida, placas paratergais esclerosadas em todos os segmentos, pernas de tamanho igual (1=2=3).
Haematopinus suis – parasito de suínos; localizam-se nas dobras de pescoço, lados da cabeça, na base das orelhas e entre as pernas.
H. eurystrenus – parasito de bovinos; situam-se no pescoço, cabeça, dobras de pele e base dos chifres.
H. tuberculatus – parasito de búfalos
H. asini – parasito de eqüídeos; situam-se na base da crina e da cauda, flancos e porção inferior da mandíbula.
H. quadripertusus– parasito de bovinos; situam-se nos pêlos da cauda (ninfas na cabeça e pescoço).
Figura 12. Haematopinus sp.
Família Linognathidae - ausência de olhos e placas paratergais, pernas anteriores e garras tarsais são menores que as outras duas (1<2=3), que são subiguais em comprimento e largura.
Linognathus setosus – placa esternal ausente ou fracamente desenvolvida, região pré-antenal bem desenvolvida; parasito de cães.
L. africanus – parasito de ovinos e caprinos; situam-se no flanco.
L. pedalis – parasito de ovinos; situam-se nas pernas e pés.
L. vituli – parasito de bovinos; situam-se no pescoço, barbelas, espádua e períneo.
L. stenopsis – parasito de ruminantes, caprinos principalmente.
Figura 13. Linognathus sp.
Família Pediculidae – corpo aproximadamente duas a três vezes mais longo que largo; olhos presentes; placas paratergais evidentes, cada qual apresentando lateralmente um par de espiráculos; todas as pernas de igual comprimento e largura.
Pediculus humanus – parasito do homem; piolho do corpo.
P. capitis – parasito do homem; piolho da cabeça.
Figura 14. Pediculus sp.
Família Pthiridae – corpo uma vês e meia mais longo do que largo, olhos presentes e placas paratergais exteriorizadas, terminando por longas cerdas ( quatro placas nas fêmeas e 2 nos machos).
Pthirus pubis – parasito do homem; situa-se na região pubiana; vulgarmente conhecido como chato.
Figura 15. Pthirus pubis
4. Biologia
São ectoparasitos permanentes. O ciclo completo de ovo a adulto é de 20 a 25 dias., passando por três instares ninfas (Figura 16) . A infestação ocorre por contato direto entre os hospedeiros. Parasitam aves e mamíferos. O comportamento alimentar varia conforme a espécie, incluindo descamações de tecido epitelial, partes de penas, secreções sebáceas e sangue. Têm maior atividade a noite. A postura varia de 50 a 100 ovos. A longevidade é de duas a quatro semanas.
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Figura 16. Ciclo biológico do piolho (ciclo hemimetábolo)
5. Importância
• Piolhos hematófagos:
- prurido
- espoliação sanguínea
- quadros de anemia
- escarificação com infecção secundária
- redução da produção
• Piolhos mastigadores
- prurido
- ação irritativa
- escarificações com infecções bacterianas secundárias
- redução da produção
• Transmissão de patógenos
- Trichodectes canis: hospederio intermediário do cestóide Dipylidium caninum
- Heterodoxus spiniger: hospederios intermediário do cestóide Dipylidium caninum e do nematóide Dipetalonema reconditum.
- Pediculus: rickettsioses e borrelioses
Rickettsia quintana (febre das trincheiras)
R. prowazeki (tifo exantemático)
Borrelia recurrentis (febre recorrente)
6. Profilaxia
- Higienização das instalações, pessoal (no caso de pediculose e pthiriase) e dos animais
- Escovação dos pêlos de cães e cavalos
- Tosquia freqüente de ovinos
- Evitar aglomeração em ambientes confinados
- Manter o animal infestado separado dos demais
- Uso de inseticidas
7. Bibliografia consultada
Carrera, M. Insetos de interesse médico e veterinário. Editora UFPR/ CNPq, Curitiba, 228 p., 1991.
Guimarães, J. H.; Tucci, E.C., Barros, D.M. Ectoparasitos de importância veterinária, Editora Plêidade/Fapesp218 p., 2001.
MARCONDES , C. B. Entomologia médica e veterinária. Editora Atheneu, São Paulo, 432 p., 2001.
SERRA-FREIRE, N. M.; MELLO, R. P. Entomologia e Acarologia na Medicina Veterinária. Editora L.F. Livros de Veterinária, Rio de Janeiro, 199 p., 2006.
Soulsby, E. J. L. Parasitología y enfermedades parasitarias en los animales domésticos. Editora Interamericana, 823 p., 1982.
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